'Faleceu molhando o jardim da casa, como aquele passarinho de estimação'
por Vinicius Martins


Dona Luiza é cumprimentada por Fidel Castro, ao lado de Jorge Roberto Silveira: homenagem a uma lutadora
"Vinicinho, desde que Fidel Castro me deu aquele beijo eu nunca mais lavei o rosto", me disse certa vez dona Luiza Mendonça, que acaba de falecer nesta manhã de dezembro deste difícil ano de 2020, Dia de Santa Bárbara.
Dona Luiza é daquelas pessoas difíceis de encontrar pelo caminho e quando se encontra, é para a vida inteira. Sorriso largo e de bem com a vida, liderou centenas de lutas em prol da sua comunidade, o Morro do Ingá ou Morro do Palácio, para outros tantos.
Brizolista ferrenha, pedetista histórica, mulher de luta e de fibra. No Morro do Palácio, dona Luiza colocou água, asfaltou ruas, fez urbanização de vielas, montou creche e instalou o Médico de Família, cuja inauguração contou com a presença de Fidel, que, apresentado a ela por Jorge Roberto Silveira, lhe tascou um beijo e disse que ela que deveria inaugurar o módulo e não ele. Sábio Fidel.
A vida é para ser vivida intensamente e dona Luiza aproveitou todos os 89 anos que lhe foram reservados. Faleceu molhando o jardim da casa, como aquele passarinho de estimação, que vai pro canto da gaiola e deixa de cantar. Virou estrela e já está lá, recebida por Santa Barbara, com aquele sorrisão cativante. Muita luz pra Dona Luiza.
Vinicius Martins é jornalista e morador apaixonado por Niterói. Em suas redes sociais, faz lives diárias sobre a cidade e sua gente